Em 64,13% dos pontos, não foi constatada obra de contenção de encosta.
Uma vistoria feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em uma área de 102 quilômetros entre a barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, e a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga, em Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata, apontou que em 96,74% dos pontos vistoriados, não foi constatada a remoção do rejeito pela mineradora Samarco.
As ações divulgadas nesta quinta-feira (14) foram feitas entre os dias 30 de maio e 11 de junho e fazem parte da Operação Áugias. Quatro equipes dividiram a área em 96 pontos diferentes. Elas vistoriaram áreas do complexo de Germano (onde ficava a barragem que se rompeu em 2015), estruturas remanescentes, sistema de bombeamento de águas pluviais, trechos do córrego Santarém, do Rio Gualaxo do Norte, do Rio do Carmo, do Rio Doce e seus córregos afluentes.
De acordo com o Ibama, a região foi a mais devastada pela tragédia. De acordo com o diagnóstico, o volume de rejeito observado em alguns pontos alcança 50 centímetros de altura.
“Os maiores problemas verificados em campo foram o carreamento de
sedimentos depositados nas margens dos tributários (córregos) para suas calhas principais, o assoreamento de nascentes e olhos d’água, a dificuldade de desenvolvimento da vegetação (mesmo em áreas de semeadura) devido à ausência de solo e à instauração de processos erosivos e a ausência de drenagens pluviais nas vias de acesso”, diz o relatório.
sedimentos depositados nas margens dos tributários (córregos) para suas calhas principais, o assoreamento de nascentes e olhos d’água, a dificuldade de desenvolvimento da vegetação (mesmo em áreas de semeadura) devido à ausência de solo e à instauração de processos erosivos e a ausência de drenagens pluviais nas vias de acesso”, diz o relatório.
De acordo com o Ibama, a Samarcoapresentou uma relação de 68 afluentes a serem recuperados emergencialmente. No entanto, as equipes visitaram 83 cursos d’água afetados, 15 a mais dos que foram apresentados pela mineradora. Todos foram afetados pelo desastre ambiental.
Em 64,13% dos pontos vistoriados, não foi constatada nenhuma obra de contenção de encosta. Em 68,48%, não foi constatada nenhuma obra de drenagem.
“A Samarco não está adotando critérios básicos e estruturas de conservação de solos para minimizar ou mesmo impedir a erosão hídrica ocasionada pelas chuvas”, disse o relatório.
A vistoria abrangeu os municípios de Mariana,Barra Longa, Ponte Nova, Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce.
Segundo o Ibama , obras de drenagem e contenção devem ser realizadas imediatamente.
“Sem tais obras, tanto os trabalhos de reconformação do terreno quanto de semeadura serão comprometidos, gerando, como consequência, pontos de erosão”.
“Sem tais obras, tanto os trabalhos de reconformação do terreno quanto de semeadura serão comprometidos, gerando, como consequência, pontos de erosão”.
O Ibama determinou que a Samarco apresente em cinco dias um mapeamento completo de todos os cursos d’água afetados e protocole em 48 horas um projeto específico de intervenções em cada um deles, além dos rios.
A mineradora também deve apresentar, até 31 de julho, os resultados já obtidos dos estudos sobre o rejeito depositado na região para avaliação adequada quanto ao manejo e “posterior tomada de decisão quanto à sua destinação ou aproveitamento”.
Ela deve apresentar, no prazo de 10 dias, um mapeamento de todos os lagos, lagoas e açudes afetados pelo “mar de lama” e implementar ações recomendadas para cada ponto vistoriado.
As obras de contenção de encostas devem ser realizadas até 1º de setembro, época em que, tradicionalmente, começa a temporadas de chuvas na região.
“Do total de pontos visitados impactados (92), são necessárias obras em pelo menos 68%”, disse o Ibama
Um ponto positivo foi que nos cursos d’água onde as obras ainda não foram realizadas, embora haja rejeito, espécies nativas foram encontradas.
A Samarco divulgou nota informando que "cumpre rigorosamente os prazos definidos no escopo do acordo assinado pela Samarco, seus acionistas (Vale e BHP Billiton), os governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo - do qual o IBAMA é um dos signatários".
Ainda de acordo com a nota, "pelo termo, há uma seção específica sobre o manejo dos rejeitos remanescentes do rompimento da barragem de Fundão, que prevê a realização de estudos que nortearão as tomadas de decisão. No mês de julho serão entregues estudos relevantes para subsidiar as ações de manejo de tais rejeitos".
A Samarco ainda disse que obras de drenagem e contenção de encostas foram iniciadas logo após o acidente. A nota informou que "estas e outras atividades estão sendo realizadas para a recuperação ambiental das áreas impactadas, como a dragagem do reservatório da UHE Risoleta Neves (Candonga), estabilização do rejeito via revegetação emergencial, além da recuperação de afluentes e monitoramento da qualidade da água em 94 pontos ao longo do rio Doce".
A Samarco ainda disse que obras de drenagem e contenção de encostas foram iniciadas logo após o acidente. A nota informou que "estas e outras atividades estão sendo realizadas para a recuperação ambiental das áreas impactadas, como a dragagem do reservatório da UHE Risoleta Neves (Candonga), estabilização do rejeito via revegetação emergencial, além da recuperação de afluentes e monitoramento da qualidade da água em 94 pontos ao longo do rio Doce".
Tragédia
Em 5 de novembro, o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, afetou distritos de Mariana, além do leito do Rio Doce. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades de Minas Gerais e no Espírito Santo e chegou ao mar. O desastre ambiental é considerado o maior e sem precedentes no Brasil
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Em 5 de novembro, o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, afetou distritos de Mariana, além do leito do Rio Doce. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades de Minas Gerais e no Espírito Santo e chegou ao mar. O desastre ambiental é considerado o maior e sem precedentes no Brasil
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