Preso por morte de cinegrafista Santiago Andrade deixa Cidade da Polícia no Rio
Caio Silva foi levado para o IML e, em seguida, para o presídio de Bangu. Ele foi preso na Bahia e admitiu ter acendido rojão em entrevista à Globo.
Do G1 Rio
O jovem Caio Silva de Souza, de 22 anos, preso pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, deixou a Cidade da Polícia, no Subúrbio do Rio, por volta das 16h20 desta quarta-feira (12) em direção ao Instituto Médico Legal (IML), onde chegou às 16h30. Às 16h40, ele deixou o local rumo à Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, onde deu entrada às 17h20.
No mesmo complexo, já está preso Fábio Raposo. Caio e Raposo são suspeitos de acender o rojão que atingiu Andrade durante manifestação, no Centro do Rio, na quinta-feira (6).
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Caio foi preso de madrugada na Bahia e admitiu, em entrevista à repórter Bette Lucchese, da TV Globo, ter acendido o rojão. Em sua fala, obtida com exclusividade, ele disse que não sabia que o objeto era um rojão, e pensou que fosse um "cabeção de nego", artefato que só provoca fumaça e barulho, mas sem efeito pirotécnico.
Repórter: Você acendeu o rojão?
Caio: Se eu acendi? Acendi, sim.
Repórter: Junto com o Fábio?
Caio: (balança a cabeça positivamente)
Repórter: Você tinha um alvo específico?
Caio: Não. Nem sabia que aquilo era um rojão.
Repórter: Pensou que fosse o que?
Caio: Um cabeção de nego.
Caio: Se eu acendi? Acendi, sim.
Repórter: Junto com o Fábio?
Caio: (balança a cabeça positivamente)
Repórter: Você tinha um alvo específico?
Caio: Não. Nem sabia que aquilo era um rojão.
Repórter: Pensou que fosse o que?
Caio: Um cabeção de nego.
Para os policiais que fizeram a sua prisão, no entanto, Caio não admitiu nem negou. Segundo o delegado Maurício Luciano de Almeida e Silva, o suspeito deixou claro na Bahia, ao ser preso, que não falaria sobre o fato. "Não admitiu nem negou nada que lhe é atribuído. [...] Ele não está antecipando nenhuma informação. Imagino que está esperando uma estratégia do advogado e falará no momento oportuno", afirmou.
O jovem, que é auxiliar de serviços gerais de um hospital no Rio e suspeito de lançar o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes, não esboçou reação ao ser preso em uma pensão de Feira de Santana (BA), na madrugada desta quarta. Ele já foi trazido para o Rio. O outro suspeito pelo crime, Fábio Raposo Barbosa, também tem 22 anos. Ele confessou ter participado da ação e está preso desde domingo (9).
A polícia esclareceu detalhes da prisão de Caio em entrevista coletiva e disse que o suspeito "estava acuado, assustado, com muita fome, após dois dias sem se alimentar". Ele ainda não tinha dormido e estava em um quarto pequeno.
Na entrevista à repórter da TV Globo, Caio disse ainda que, depois da veiculação das imagens onde apareceria recebendo o rojão, teve medo de ser morto por "pessoas envolvidas nas manifestações".
Repórter: Quando você viu a imagem, você sabia que era você?
Caio: Não. Não me mostraram.
Repórter: Mas depois, quando começaram a mostrar?
Caio: Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa.
Repórter: Quem poderia te matar?
Caio: Pessoas envolvidas nas manifestações.
Caio: Não. Não me mostraram.
Repórter: Mas depois, quando começaram a mostrar?
Caio: Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa.
Repórter: Quem poderia te matar?
Caio: Pessoas envolvidas nas manifestações.
O suspeito preso pediu ainda desculpas pela "morte de um trabalhador, como ele próprio, sua mãe e seu pai". Na conversa, que foi ao ar no RJTV, Caio disse que há jovens que são atraídos por terceiros a participarem do protesto: "Alguns vão aliciados, sim, outros não". Questionado sobre quem seriam os aliciadores, ele não deu detalhes. "Isso eu não sei dizer à senhora. A polícia tem que investigar." Ele afirmou que políticos poderiam estar envolvidos.
O cinegrafista Santiago Andrade foi atingido na cabeça pelo rojão, enquanto gravava imagens de confronto durante a manifestação contra o aumento de passagens de ônibus. Ele sofreu afundamento de crânio, foi submetido a cirurgia e passou quatro dias em coma no Hospital Souza Aguiar. Na segunda-feira (10), teve morte cerebral. O corpo, segundo a família, será velado e cremado nesta quinta-feira (13), no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária.
O delegado Almeida e Silva disse que, segundo relato de pessoas próximas, Caio é "uma pessoa completamente diferente do que demonstrou" na manifestação. "As pessoas dizem que ele é calado, tranquilo. No ambiente de trabalho ficaram surpresos de saber do envolvimento do Caio no episódio, o que leva a crer que o Caio, sob efeito da multidão, ele se transforma" (veja trechos da coletiva nos vídeos ao lado).
Sobre a fuga de Caio, a polícia também esclareceu que recebeu a informação de vizinhos de que o suspeito havia deixado a sua casa na segunda-feira, com uma mochila, "na companhia do pai e da madrasta". O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, afirmou que o advogado Jonas Tadeu, que também representa o outro envolvido no caso, intercedeu para agilizar a entrega.
Caio contou após a prisão que pretendia fugir para a casa de um avô, no Ceará, quando foi convencido por telefone pela namorada a se entregar à polícia na Bahia. Ele se entregou em uma pousada próxima à rodoviária da cidade de Feira de Santana, que fica a mais de 1,5 mil km do Rio e a 100 km de Salvador, e chegou às 8h42 desta quarta ao Rio.
Segundo a GloboNews, logo depois de desembarcar, acompanhado de vários agentes civis e federais, foi levado algemado num automóvel Logan prata para a Cidade da Polícia, conjunto de unidades policiais no Jacarezinho, Subúrbio do Rio, onde chegou às 9h33.
Autor: G1
Fonte: G1
Fonte: G1
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